terça-feira, 4 de maio de 2010

Capítulo VIII - Inverno

Como em um súbito uma corrente elétrica passou pelo meu corpo de forma incompreensível. Eu o afastei e toda aquela alegria de vê-lo e por conversar haviam acabado! Lembrei de que ele tinha sumido sem explicações e que me fez de boba por aquele tempo! Fitei-o cerrando os olhos de raiva e ele sem entender nada tentou se aproximar... Porém eu o afastei novamente. Eu queria matá-lo com somente um pensamento, queria sair correndo daquele lugar, o deixar para trás! Ele segurou meu braço e eu desviei; olhei para o chão em procura de algo para fazer, sem ter muito o que pensar. 

- Me deixa em paz! - tentei passar por ele para sair mas ele encobriu a passagem.
- O que é isso Lice? - ele olhava estupefado para mim.
- É A-LI-CE! Alice entendeu? Me deixe. Não vai ser dificil! Já que fez isso! 
- Você não entende...
- Não entendo e nem quero entender! Me deixe ir!


Empurrei-o para o lado e sai correndo pelo campus da escola. Meus olhos arderam e meu lacrimal se marejou! Aonde eu estava com a cabeça? Eu não sei. Mas por mais que doesse minha raiva consumia tudo o que havia dentro de mim. Eu não queria mais vê-lo; eu não queria mais NADA!
O sinal batia e o som entrava pelos meus ouvidos como uma faca afiada! Corri para o banheiro dos fundos do prédio azul. Ele estava desativado a meses e ficava vazio todo o tempo. Entrei naquela imensidão de azulejos brancos e cheio de mármore e me sentei no chão poeirento no qual ninguém mais andava e cai em choro profundo. Passei o resto de todas as aulas ali, mas por mais sozinha que eu estivesse eu sentia que estava sendo observada! Meus olhos estavam inchados demais para ver ao meu redor e ainda mais inchados estavam meus dedos por serem apertados contra os meus joelhos, agora encharcados de lágrimas. Então quando o último sinal bateu eu me levantei e fui direto ao espelho ver como estava e para tentar ficar com uma cara um pouco mais aceitável pela sociedade e assim poder ir embora. Não pude lavar o rosto pois como o banheiro estava fechado para as pessoas o registro tinha sido trancado também impedindo a saída de água nas torneiras. Sai tentando disfarçar o indisfarçável! Saquei minha melhor arma de dentro da mochila. Meu querido chapéu de inverno que cobria quase todo o eu rosto. Coloquei-o e sai pelos fundos da escola para a rua "C" que dava saída para a rua principal da cidade. Corri para a casa a fim de chegar e me derramar mais em lágrimas mesmo agora achando estar seca de mais para isso!
Eu não iria mais falar com ele. Eu prometi isso a mim mesma. Ricardo agora seria o meu presente-passado. Ou pelo menos eu tentaria que fosse isso! Meu inverno chegou mais frio do que qualquer coisa na estação. Me senti gélida e impenetrável como a neve que caía fria sobre meu rosto naquele momento. Eu estava morrendo, e sabia disso!

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