sábado, 5 de junho de 2010

CAPÍTULO XI - E-mail's.

A noite estava completamente turbulenta; como se eu tivesse entrado em um tornado a mais de 150 Km por hora e eu não pudesse parar a constante sensação de vertigem e descontentamento que se passava por cada ponto enérgico do meu corpo. Eu estava decepcionada comigo mesma por ter feito tudo o que fiz nos últimos dias e então comecei a me desafiar de forma a pensar no que fazer sobre o Ricardo. Abri a minha agenda novamente e alisei com meus dedos magros o papel branco que continha a caligrafia perfeita dele. Senti minha garganta queimar e apertar como se estivesse engolindo três tipos das piores pimentas do mundo. Ta, tudo bem. Eu sei que eu sou uma idiota, por ter ignorado ele completamente e agora eu posso simplesmente perde-lo. Trágico, trágico. Passei diversas horas da minha madrugada pensando em tudo o que havia acontecido desde que o Fernando terminou comigo e que eu conheci o Ricardo. Percebi que não eram poucas as coisas nas quais haviam acontecido e que por um motivo (ou mais) que eu não sabia, parecia que eu não estava dando a mínima para tudo aquilo. Mas haviam coisas no Ricardo que me intrigavam e nisso eu não havia parado de pensar nenhum dia desde que o conheci. A forma de ele estar sempre ali quando eu precisava dele. Até mesmo no dia em que eu o conheci, eu estava péssima e pronto, ele aparece como algo divino só para vir me ajudar. E quando eu fui a casa "dele" e quando voltei não era a casa dele. Essa é a coisa mais absurda no mundo humano! Isso é impossível e eu não sou louca. Estou bem sã, obrigada. O bilhete no meu bolso, esse bilhete dentro da minha gaveta! Asurdamente sinistro. O alerta de nova mensagem de e-mail soou no meu notebook que reinava absoluto sobre minha pequena mesa branca. Levantei e senti o frio cortar os meus pés recém aquecidos no meu grosso cobertor de dormir. Sentei na cadeira pressionando minhas pernas dobradas contra o peito e abri minha caixa de e-mail arrumada a pouco tempo, até porque eu não sou o tipo de pessoa na qual recebe vários e-mails, a não ser que sejam de spans. Assim que a inbox carregou, uma surpresa. O endereço do remetente era mais do que conhecido. Como eu haveria de esquecer o e-mail no qual era tanto usado para conversar comigo no messenger? Era ele, Fernando. Minhas mãos congelaram em fração de segundos e me sentir corar mesmo não tendo nenhuma razão para ficar sem graça ou algo do gênero. Cliquei na opção 'abrir' e esperei novamente a página carregar. A mensagem não era tão grande mas pela forma como ele escreveu pareceu ser mais do que uma simples 'lembrança'. Comecei a ler.


Alice,

Estou estudando em uma ótima escola aqui na França. Ainda não tenho tido muitos trabalhos, mas creio que isso irá mudar logo. Sinto sua falta. 
Estou arrependido de ter feito tudo aquilo antes de sair do país. Eu jamais vou me esquecer de você, e saiba que eu vou voltar para me encontrar com você. Ja t'aime.

Com amor, Fernando.

Meu coração parou e voltou a bater diversas vezes enquanto eu lia aquela simples linhas que tanto diziam. Ele sabia que eu ainda o amava. Amava mais do que tudo, e ele também sabia que ter me deixado foi um dos maiores erros dele. Acho que é por isso que o Ricardo tem aparecido nos  piores momentos, pois os tenho tido quase sempre. Eu sabia que Lux estava interessada nele, e estava com medo de Ricardo começar a se interessar por ela também e que toda essa 'proteção' dele por mim fosse transferida para ela de forma total e eu ficasse aqui completamente desamparada. Cliquei em 'Responder' na parte superior da janela de e-mail e comecei a escrever o que deveria ser uma boa e ensaiada mentira mas acabou saindo como uma verdade cuspida para fora da minha boca involuntariamente.

Fê, 
Eu também sinto muito a sua falta. Fico feliz por ter conseguido a bolsa que queria. Isso de certa forma tem grande importância para mim. Saiba que eu não esqueço você em nenhum dia que se passe desde que você se foi. Estou ainda mais feliz por você ter encontrado um tempo para poder me mandar alguma notícia, assim não me sinto totalmente fora da sua vida. 

Da sua sempre amiga e companheira, Alice.

E sem 'mais' levantei da cadeira deixando aberta a página de conclusão de envio e cai de costas na cama olhando para a janela agora salpicada de estrelas longínquas que me lembravam da distância que agora me separavam de Fernando. Resolver as coisas entre nós agora seriam muito mais difíceis, talvez impossível. E isso me frustrava. Eu não fiz nada para resolver aquilo antes dele ir, e isso poderia ter sido só pelo fato de eu me sentir 'segura' em relação a uma pessoa que eu nem sabia mais se estaria do meu lado. E então eu decidi. Na manhã seguinte eu iria procurar o Ricardo e pediria desculpas pelo que aconteceu e também pediria uma boa explicação sobre essas coisas sinistras que existes em relação a ele. E assim tudo ficaria bem de novo. Pelo menos era o que eu esperava...

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